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O Kuduro virou uma das coqueluches do Carnaval deste ano por conta do hit do Fantasmão: Isso não é samba/ Essa mania vem de Luanda/ Kuduro, Kuduro, Kuduro, Kuduro. Mas a intimidade baiana com a dança importada de Angola é bem mais antiga do que a adoção do ritmo pelo reino do pagode.
Em Plataforma, a Academia de Kuduro Baiano-Angola, que funciona de forma itinerante, já divulga o ritmo pela cidade desde 2000. Durante a folia de Momo em Salvador a turma do kuduro ganhou um reforço de peso: o cantor angolano Yuri da Cunha que é especialista em outros ritmos como o semba, mas que também toca o kuduro.
O kuduro nasceu em Angola como um ritmo de rua na década de 90. Viveu um período de marginalização até que no ano passado virou moda no país.
“Minha ligação com o kuduro começou em 2001 por meio de Dog Murras, que divulgou o ritmo. O ano passado durante a minha apresentação na festa de aniversário do presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, eu cantei o kuduro. O presidente cantou e dançou. No outro dia só se falava nisso”, conta Yuri.
Molejo – O nome da dança remete realmente à forma como o bumbum fica em alguns momentos da perfomance. Daí para a frente é só ir mantendo o ritmo, mas, para ser leal à sinceridade, não é facil ganhar o molejo dos experts como Bonês, Bela, Filomena e Yuri Barata, que acompanham Yuri da Cunha ou Álvaro Di Amaro, Alda Valéria, Nadjara e Sendji Fortunato, da Academia.
Mas vale dizer que o ritmo contagiante ajuda muito. “É uma dança que é feita com elementos de outros ritmos, como o hip hop, com os movimentos soltos ”, conta Sendji. Foram os seus pais que apresentaram o ritmo a Álvaro.
“Isso foi em 1995. A gente começou pensando em fazer umas festas de divulgação do kuduro. A coisa foi crescendo, acabou em um projeto social e finalmente na Academia”, acrescenta.
Pagode – A longa história do kuduro fica ofuscada diante da versão pagode que ela tomou a partir do ritmo de Fantasmão. Embora a turma que o conheça de longas datas faça questão de destacar que a forma pagodeira fica bem longe da original, a fama repentina está ajudando na divulgação do verdadeiro formato do ritmo.
“Se tem este lado ruim da música ganhar as ruas numa versão que é distante do que ela realmente é, tem o lado bom que é fazer com que as pessoas sintam a curiosidade de saber o que é o kuduro de fato”, completa Sendji.
E a participação de Yuri da Cunha no Carnaval- ele hoje ainda se apresenta no Circuito Dodô (Bara-Ondina a partir de meia-noite- também tem aberto espaço para que a Bahia conheça outros ritmos de além-mar como o semba. Aos 28 anos, Yuri tem uma longa e premiada carreira musical tanto em Angola como em Portugal.
“Eu agora estou pensando em investir também em ficar mais conhecido aqui na Bahia”, conta o cantor. Neste Carnaval ele já fez participação especial no trio e no camarote de Daniela Mercury, no camarote Lotus e cantou com Alexandre Pires, ao lado de quem deseja realizar novos projetos.
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